O Cristão e o Tédio, Guilherme de Carvalho (Série: Os problemas da vida cristã)
A busca do prazer
como analgésico para as dores mais profundas, pro nada, pra morte [...]. Todo
recurso ou exercício hedonista produz o tédio, porque a medida em que o fluxo
do prazer vai acontecendo, vamos esgotando nossas capacidades. Toda vez que
você força sua estrutura finita, você se esgota. O entretenimento ou a busca
pelo prazer é epidérmica. Não é ser, mas estar e não resolve o problema, porque
a a angústia é do ser. O problema é que a gente não é feliz, a alegria não é
uma qualidade do nosso caráter, da nossa existência. Nosso problema é a falta
de ser e a gente quer resolver isso com o estar, com experiências de prazer.
Não há nada no campo do estar que não seja entediante. A limitação do prazer é
parte da nossa consistência humana. Não dá pra capturar, não há duração, mas
somente picos de prazer. Se você forçar, fica enjoado. Eles não são o que você
é e o que sobra, no final, é você na sua nudez, na sua falta de ser. A
experiência do prazer não muda sua condição interna. Não vai te trazer
satisfação, é ilusório. Já foi tentado e já deu errado. Está na história da
filosofia, na literatura. Por que você tenta de novo? Não é possível resolver a
dor interna com experiências interiores, pois o tédio destruirá sua
sensibilidade.
Vocação e
Narcisismo, Jonas Madureira
O homem
entre Deus e os Ídolos: sobre a inevitabilidade da crença religiosa, Guilherme de Carvalho
[...] o cientista
social, porque a gente está numa sociedade secular, não acha que tem que
procurar objetos de devoção religiosa, que não tem isso mais. Mas como assumir
isso tão rapidamente? As devoções religiosas não estão mais presentes? Até
porque, pra duas coisas entrarem em conflito, elas têm que ter uma natureza
semelhante.. você nao fica em duvida entre chupar uma laranja e chutar uma
pedra.. mas entre chupar uma laranja e um limão.. pra ter conflito entre
religião e secularismo, tem que ter alguma coisa semelhante.. senão nao era pra
ter conflito, haveria simplesmente uma sobreposição..tem coelho nesse mato
[...]
[...]O homem não está entre Deus, Ídolos e nada. Não existe essa opção.
Ele está somente entre Deus e Ídolos.. Ate porque, o ateísmo diz sobre algo em
que você nao crê, mas nao diz nada sobre o que você crê, os substitutos.. A
verdadeira pergunta que o humanista secular tem que fazer pra si mesmo é: será
que eu sou capaz de eliminar completamente do meu sistema de crenças os objetos
que têm funções teológicas religiosas? O ateísta elimina completamente a crença
religiosa com todos os seus objetos típicos e substitutos eventuais ou o que
ele é é apenas um pequeno conjunto de objetos religiosos possíveis, ou seja,
divindade pessoais? [...]
Deixa ir os meus Músicos, Guilherme de Carvalho
Precisamos de música que não fale de Deus, mas que fale a respeito da vida, das flores, do amor, da política, e das crianças, sob a luz do evangelho; precisamos de música que fale sobre o mundo, mas a partir de Deus. Além disso, precisamos de música, simplesmente. Música que signifique Deus por sua beleza, e que mostre a sua glória sem palavras. A música pode ser narrativa, mas não precisa ser – a música não precisa de justificativas além da sua própria existência porque, afinal, Deus não precisa dar explicações sobre a razão de sua criação [...]
Todo mundo é crente. Até quem não é, Guilherme de Carvalho
Não basta rejeitar o
Credo Apostólico. É preciso checar se o seu credo alternativo é viável. E até
mesmo se é saudável; pois se Chesterton estiver correto, “quando as pessoas não
acreditam em Deus, terminam acreditando em qualquer coisa”. - Guilherme de
Carvalho, em
O Sequestro da Lamentação, Jonas Madureira
Nesses cultos não
há tempo nem espaço para a confissão de nossas mazelas ou de nossos dilemas. Só
há tempo e espaço para a afirmação de nossas aparentes virtudes e certezas.
Realmente sequestramos a lamentação de nossos cultos.
Natal Encarnado, Jonas Madureira
O testemunho interno do Espírito é plenamente eficaz para nos salvar. Porém, isso não significa que a fé seja um salto no escuro (Kierkegaard). A fé também têm suas razões... Veja, uma pessoa que é salva por Jesus necessariamente precisa compreender a fé que a salvou. Não temos uma compreensão que serve de aval para crermos. Cremos (por causa da obra do Espírito Santo), por isso temos aval para compreender as verdades de Deus. A conversão não é um salto para a ignorância ou para as trevas da irracionalidade. A conversão é sempre resultado de uma obra exclusiva de Deus no coração humano, e a Bíblia quase sempre coloca o coração em paralelo com o pensamento: "sonda o meu coração, conhece os meus pensamentos". A fé não embrutece nossa "porca razão" (Lutero), antes lava e purifica nossa mente para a verdade. A conversão é um ato de Deus que nos torna realmente inteligentes para a sua glória.
Jonas Madureira
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