sexta-feira, 13 de maio de 2011

Cruz

Por Karina Lubascher Miragaia

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade...”.

O ponto que dialoga com o mundo, mas exatamente o ponto em que triunfa. Essa é a beleza. O sentido que se fez carne. Na cruz, se fez o meu sentido. Nela, o vislumbre do meu destino.
Nada me encanta mais. Nada me intriga mais. Na cruz, a identidade no paradoxo. Mais. Na cruz, a permissão do paradoxo. Do meu paradoxo.
“There’s freedom in the power of the cross”, diz a música. É a liberdade que traz consciência. Consciência da insuficiência, da fraqueza, da impossibilidade. E essa é a consciência que liberta.
Na cruz, a manifestação da graça. “Your grace has overwhelmed my brokenness”. A contemplação da graça que trouxe a lágrima e, na lágrima, tudo.
Na cruz, vejo Cristo. Nele, o meu sentido, o meu destino. Na cruz, eu vejo Deus. É o Deus que se fez carne, o Deus que habitou com os imperfeitos. O Deus que morre e, na cruz, liberta.
O desejo de grandeza se esvai, nela. Marcou minha sorte, curou meu coração. A cruz salvou minha alma e isso bastou.
Não me deu explicações, mas me encantou com sua verdade. Verdade é o que ela é. Não a minha, mas a cruz é a verdade que me alcança, me atropela. E ela abriu meus olhos. Me peguei em flagrante. Sondou-me e deixou-me ser eu. Mudou-me. Isso é a verdade. O que me toca é a sua verdade.
"Odeia-se quem não se deixou amar com máscara". A cruz tirou as minhas. Nela, incidi em mim mesmo. Quero então o ódio.
O sangue que na cruz escorreu compadeceu-se da dor que sangrou no meu peito. Aproximou-se. Essa é a identidade. Identidade na ambiguidade, a identidade que não explica. E isso me confortou.
Seu triunfo está na liberdade da consciência. Essa é a esperança. Essa é a glória.
Na cruz, a luta. Minha luta com Deus, minha luta comigo. Saio ferida. Perdendo, venci.
Vencestes sobre o meu mal. Mostrou-o a mim. A cruz salvou-me de mim. Ela me mostrou quem sou e me permitiu ser. Há conforto no paradoxo.
Na cruz, por fim, a aceitação do meu destino: Deus, o meu destino é Deus. O meu destino se fez carne. O meu destino é o Deus da cruz.

“Everything I am for Your Kingdom’s cause as I walk from Earth into Eternity”.

4 comentários:

Anônimo disse...

Falar sobre a cruz de Cristo como esta sendo feito acima é rememorar as ações divinas para as nossas vidas, e debaixo de todo o simbolismo e implicação que a cruz nos traz encontramos nela força, como citado no texto, é essa consciência que é libertadora que também é muito bem definida por, Millard J. Erickson quando diz que nossa liberdade é definida por aquilo que somos, e o que somos é definido por Deus, obter essa consciência é entender a importância de quanto necessitamos estar ligados a Cruz de cristo.

Parabéns Pelo Texto.

Douglas De O. Luiz.

Anônimo disse...

Bravo!!!! Lindo

"Na cruz, a luta. Minha luta com Deus, minha luta comigo. Saio ferida. Perdendo, venci.
Vencestes sobre o meu mal. Mostrou-o a mim. A cruz salvou-me de mim. Ela me mostrou quem sou e me permitiu ser."

Nossa...

Paulo R. Cicolani

Gabriela Miragaia disse...

Filha mais uma vez fico perplexa ante teus escritos que tocam o mais profundo do meu ser. Sim a cruz salvou-me de mim.
Parabéns que o Senhor continue te iluminando.
bjkas!!
Marta Beatriz Lubascher

Tiago Mota disse...

Ka!

Bem filosófico o texto, consegui ler Jesus nas entrelinhas... Continue escrevendo; Estou acompanhando...

Beijo de carinho,